“O justo, porém, vive da fé” (Rm 1, 17).
É com razão que se pode dizer que o Santo Doutor viveu da fé; por quanto foi ela o sustento cotidiano de toda a sua vida espiritual e a alma da sua piedade e devoção. Esclarecido desde jovem pela luz de tão bela virtude, ficou desde então impressionado pela lembrança das verdades eternas, e desde então começou a ter Deus diante dos olhos, pois que se o figurava presente em toda parte. Por isso viam-no sempre reservado e recolhido.
Além disso, a fé descobriu a Afonso que o mundo, com todas as suas riquezas, honras e prazeres, não é senão vaidade e miséria; pelo que não hesitou em largar generosamente mão de tudo, a fim de se consagrar inteiramente ao serviço divino. Apreciava extremamente a ventura de ser católico, e protestando a Deus a sua gratidão, “Meu Deus”, disse, “graças Vos dou por me terdes feito cristão; creio tudo quanto a Santa Igreja me propõe para crer… Senhor, não tenho a pretensão de compreender os mistérios, que estão acima do meu entendimento; basta-me o saber que Vós os tendes revelado”.
Finalmente, foi tão grande a dor de Afonso por ver a pouca fé que há no mundo, mesmo entre os que se dizem cristãos, que não tinha mais sossego. Desejava percorrer o universo pregando em toda a parte, e, se necessário fosse sacrificar para este fim o sangue e a vida. Eis por que escreveu tantos livros para defender a religião católica, e fundou também a sua Congregação do Santíssimo Redentor. O meio, porém, mais comum, e talvez mais eficaz, de que o Santo se servia para a conservação e propagação da fé, foi a sua oração contínua e fervorosa. Somente na eternidade veremos quantos homens se converteram por este grande meio!
“Toma bem sentido e faze tudo conforme modelo”. Regozijando-nos com o Santo, tomemo-lo por modelo e procuremos ser vivas imagens suas. Façamos, portanto, frequentes atos de fé, protestemos que sempre seremos filhos obedientes da Igreja, e trabalhemos, na medida das nossas forças, pela propagação e conservação da fé. Se mais não nos é possível, rezemos pelo menos, e recomendemos cada dia a Deus todos os missionários e em particular os filhos do Santo Doutor.
Ó Salvador do mundo, graças Vos dou em meu nome e no de todos os fiéis, meus irmãos, por nos terdes chamado e admitido a vivermos na verdadeira fé, que ensina a Santa Igreja. “Deus de bondade”, junto com São Francisco de Sales digo a vós”, “grandes e numerosos são os benefícios com que me haveis obrigado; mas como posso Vos agradecer o suficiente o que me haverdes esclarecido com as luzes da santa fé? Tremo, Senhor, comparando minha ingratidão com tão grande benefício.
Ó meu Jesus, eu Vos dou tantas graças por este grande dom, quantas um miserável como eu pode dar-Vos; fazei que conheçam todos os homens a beleza da Vossa santa fé. Mas, ó Deus, quão poucos são os que vivem nesta verdadeira religião! A maior parte dos homens jazem sepultados nas trevas da infidelidade ou da heresia. Vós Vos humilhastes até a morte pela salvação dos homens, e estes, ingratos, nem sequer Vos querem conhecer. Peço-vos, ó Deus Todo-poderoso, Bem Supremo e Infinito, fazei que todos Vos conheçam e todos Vos amem.
Ó grande Mãe de Deus, Maria, sois a protetora de todos: vede a ruina de tantas almas causada pelo inferno nestes nossos tempos. Ele anda espalhando tantos erros contra a fé, especialmente por meio de tantos livros cheios de veneno! Por piedade, rogai a Deus, que tanto vos ama; rogai e impedi tão grande ruína. Rogai, rogai: as vossas súplicas são todo-poderosas junto a Jesus, vosso Filho, que gosta de vos atender em tudo que lhe pedirdes.
Texto adaptado de: Santo Afonso, modelo de fé viva.