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Virtude deste mês: Mortificação

“Quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna”. (Jo 12,25)

Com tantas solicitações fáceis e agradáveis oferecidas pelo mundo, parece-nos as vezes estranho falar da mortificação e da frase de Jesus: “Quem odeia sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna” (Cf. Jo 12, 25).

Esta virtude nos lembra de que devemos morrer cada dia. Nos unindo a morte de Cristo, realizada sacramentalmente no Batismo, deve atualizar em nossa vida a cada dia. Isso depende de cada um de nós. Este é o sentido da ascese pela qual nos mortificamos e fazemos que morra em nós “as obras da carne”. “Mortificai, pois, vossos membros no que tem de terreno” (Cl 3,5). A mortificação é algo que indica as privações impostas a si mesmo com objetivo de dominar as tendências desordenadas da natureza, tendo em vista o aperfeiçoamento moral e espiritual. Podendo nossas tendências serem boas ou más, São Paulo insiste não só mortificar, mas matar, fazer morrer, tornar cadáver tudo aquilo que nos impede na plena realização em Cristo. O cristão é um “morto” para as coisas da carne (Cf. Rm 6,12-14; 8,1-14).

Nossa sensibilidade não deixa, porém, de ser continuamente atraída por inclinações externas. O próprio Deus quis juntar à certas ações, determinados prazeres, precisamente para facilitar nossa vida terrena, como parte integrante da realidade humana. É a mortificação, parte da temperança, que conserva e purifica o ser humano todo no reto caminho. Como virtude positiva, valorizando e purificando estas faculdades, ao mesmo tempo, coloca em realce o valor absoluto de Deus. É preciso perder a vida e conservá-la para vida eterna, é preciso saber perder a fugacidade de tudo que passa mantendo-se no essencial: Deus. E isto é impossível sem a mortificação. Valorizá-la sem conteúdo nos torna escravos, orientá-las, saber perdê-las muitas vezes, mesmo que a cisto de sofrimentos por causa do Reino. “Portando, quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa: fazei tudo para a glória de Deus” (1Cor 10,31)

Jesus não falou palavras vãs quando disse: “quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12, 25) para o cristão, nada está sobreposto a Deus em nenhum momento e nenhuma coisa, nada, nem mesmo a própria vida. Nesta radicalidade tudo que impede ou atrapalha é odiado, e morto. Mas quanto é difícil manter esta justa medida sem arrancar joio junto com trigo, sem mutilar ou endeusar os dons de Deus em nós. De fato, depois do pecado original custa-nos seguir docilmente a luz do alto (Rm 7,22). Só comtemplando Cristo na Cruz é que entenderemos o significado perfeito da mortificação, o quanto vale: “quem odeia sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12, 25).

O modelo único da Mensageira é Cristo redentor. Nele é que encontra a unidade de sua alma e sua vida, nele o porquê de todas suas renúncias, sacrifícios, mortificações. No contato com os mais pobres e abandonados, a Mensageira não se espanta, não reclama, não foge, pois é uma mulher que “odeia sua vida para conservá-la para a vida eterna” (Cf. Jo 12, 25).

Trecho adaptado de: ANJOS, Gervásio Fabri. CSsR e Virtudes. Aparecida, Santuário. p. 93-94.

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