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Virtude deste mês: Renúncia e Amor à Cruz

“Se alguém quiser vir após mim, abnegue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16, 24)

Talvez já experimentamos o que significa perder algo nosso, a própria fama, ideias ou coisas; o quanto nos custa não ser reconhecido pelos outros, pelo que somos ou julgamos ser. Para o mundo, tudo isso é um fracasso, aniquilamento. Cristo, porém, assume essa realidade em si mesmo e a propõe a seus discípulos: “Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16, 24).

Renunciar a si mesmo é algo mais que uma simples etapa negativa na purificação de nosso espírito. A perfeita maturidade humana e liberdade plena supõe-se esta estrada e este processo de evolução gradativa. Quando você não tem mais nada a renunciar, é porque já perdeu tudo, você já é livre! Perder tudo para ganhar TUDO é o mesmo que esvaziar-se para que a alma se plenifique do essencial: Deus. Nele está a maturidade humana plena. Enganamo-nos a pensar que o apego a valores, dons – que não são Deus – nos libertam e conduzem à maturidade. “Livres” só quando tudo perdemos para encontra-lo em Deus.

Jesus é modelo, sua vida foi um renunciar-se contínuo: Ele que “tendo a condição divina, não quis ser igual a Deus, mas ao contrário, esvaziou-se de si mesmo, tomando a condição de escravo, tornando-se igual aos homens” (Fl 2, 6-7).

Não foi brincadeira para o Verbo assumir uma “carne semelhante ao pecado” (Rm 8, 3) mesmo que para libertá-la em si mesmo! Entendemos então porque humilhou-se ainda mais fazendo-se obediente até morte e morte de cruz (Fl 2, 8). Não foi por divertimento!

Na cruz, Jesus mostra-nos o que é o estado de esvaziamento total, fazendo-se nada, o profundo da abnegação de si mesmo. Torna-se o grão do trigo que perde sua identidade, sua fisionomia e sua beleza própria, mas ressuscitando para uma vida nova. Impossível fugir desta dinâmica.

“O carisma da MAD – Imprescindível para o bem a vida da própria Igreja – põe seu empenho especial no seguimento de Cristo, mas de forma particular no seu aspecto de esvaziamento e dependência ativa, obediência ano Pai! Este identificar-se com Cristo pobre na cruz é a ‘alma’ da Mensageira. Como Cristo, por isso mesmo, a Mensageira se identifica também com as almas mais abandonadas, pobres, simples, ignorantes, mais miseráveis. Neste sentido e mistério de salvação, como que a miséria de toda humanidade lhe interessa” (Pe. Isidro Oliveira). Podemos acrescentar, também como o modo de ser da Mensageira.

Por isso Santo Afonso, contemplando Jesus na cruz, insiste na “oração suplicante”, na imitação de Cristo, simples e humilde na sua mortificação, recolhimento e intimidade com o Pai, renúncia e amor à cruz! Em Jesus Crucificado, Afonso busca o esvaziamento e neste esvaziamento, nossa identificação e razão de ser, fonte de nossa preferência vital e carismática pelos mais pobres e abandonados.

“O fim de nossa Congregação é tornar-se semelhante a Jesus Cristo, humilhado e desprezado. Como que pano de fundo de todas as regras; este é o fim principal de nosso Instituto. Aquele que não progride nesta meta, não só não irá para frente, mas caminhará para trás. Se existe humildade, existirá santidade, mas se falta esta, falta tudo”” (Apud Della vitae d. Inst. S. Afonso-Tanóia 1798).

“Que viemos fazer na Congregação se não queremos tolerar nenhum desprezo por amor a Jesus Cristo? Com que cara pregaremos ao povo a humildade se nós mesmos detestamos humilhações? Por sermos todos miseráveis, peço a cada um que todos os dias na meditação ou na ação de graças, peça a Cristo desprezado lhe conceda a graça de suportar os desprezos com calma e alegria de espírito. Os mais fervorosos, porém, peçam-lhe positivamente a graça de serem desprezados por seu amor” (Carta-Nocera 27/7/1752).
Cristo Crucificado, modelo, regra, fonte de nossa identidade.

Trecho adaptado de: Anjos, Gervásio Fabri. CSsR e Virtudes. Aparecida, Santuário. p. 119-120.

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