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Virtude do Mês – Obediência

Neste mês de Julho, onde temos como patrono o Apóstolo São Felipe, nós refletimos também a virtude da Obediência, e o texto bíblico que nos ajuda a meditar é: “Vós sereis meus amigos se fizerdes o que vos ordeno” (Jo 15, 14).

Muito comum, na mentalidade do mundo, é o obedecer em função de um lucro pessoal. Obedecer ao chefe de uma empresa porque o emprego é importante. Obedecer às leis porque há o castigo numa infração. Obedecer tanto quanto necessário em função do individualismo, para não se perder algo em proveito próprio.

O Evangelho opõe-se à esta mentalidade com um convite claro para uma intimidade com Cristo através da comunhão de vida com Ele: “Sereis meus amigos, se fizerdes o que vos mando” (Jo 15, 14). Na medida em que doamos nossa liberdade recebemos o convívio de sua amizade: “Dai e vos será dado”(Lc 6,38).

O que é a obediência?
A resposta, devemos encontrá-la diretamente na vida de Jesus. São Paulo diz que Ele “aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo; humilhou-se a si mesmo tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2,7-8). Se desejarmos então saber o que é a obediência para um cristão e especificamente para um religioso, devemos assimilar a obediência de Jesus ao Pai: a livre adesão ao desígnio de Deus.

Sob este angulo, a obediência é pobreza de si mesmo, passando a exigir uma consciência livre e plena, despida de paixões e apegos pessoais, para só nos submetermos a Deus, livres de todos os males e condicionamentos que nos cercam. A obediência de Cristo em nós nos repõe no caminho direto traçado por Deus para a plena realização de nós mesmos. O homem é chamado por Deus no Cristo. Não realizará sua verdadeira vocação a não ser renunciando à sua autossuficiência para abrir-se livremente àquele chamamento de Deus, reconhecido como Pai. Nossa resposta de aceitação pela fé e pelo batismo toma assim a forma de uma obediência filial a este Pai e seu enviado Jesus Cristo do qual nos tornamos membros vivos. Obediência é então viver Deus, é afirmá-lo como o tudo de nossa vontade.

Comumente Deus não nos fala diretamente, mas sim, através de pessoas que de vários modos, diferentes graus, no-lo representam. Nas cartas aos Romanos e Colossenses, São Paulo ensina que é preciso obedecer às autoridades legítimas, aos pais, superiores, poderes públicos. O sentido bíblico significa não várias obediências, mas sim ouvir a voz de Deus na obediência a determinada pessoa, é claro, supondo-se ordens justas: “Não obedeçais para agradar aos homens, mas para fazer a vontade de Deus como servos de Jesus Cristo” (Ef 6,6).

O Evangelho fala-nos ainda da obediência à autoridade colocada por Deus para presidir a Igreja: “Quem vos ouve a mim ouve” (Lc 10,16), isto é, Pedro, os apóstolos, seus sucessores.

É de suma importância não perder essa noção de que Cristo, por amor, veio servir obedecendo até a morte de cruz para cumprir o seu desígnio de redenção. Inseridos em Cristo pelo batismo, todo cristão revive esta dimensão em Jesus. Perdida esta chave perdida está a visão global da obediência cristã, abre-se a porta para a contestação infrutífera.

Os religiosos, impulsionados pelo Espírito num ato de viva fé, querem ir sempre mais a fundo na comunhão com a vontade do Pai. Unidos entre si em igual disposição, mutuamente se declaram prontos a essa escolha total de Deus, fazendo da obediência, total caridade. Nesta experiência comum e de amor recíproco surge como que Cristo obediente entre eles, cujo centro de comunhão é superior. O que lhes interessa não é mais a “minha” ou a “sua” vontade, deste ou daquele, mas sim, a vontade de Deus a respeito da comunidade e de cada um. Dessa forma, em comunhão, a obediência surge como experiência de vida, união, caridade, e jamais um “estar ao lado de” ou ao simples sujeitar-se por mera conveniência, tradição ou estruturas. Fazer a vontade do Pai torna-se alimento para cada um e para todos: “sereis meus amigos se fizerdes o que vos ordeno” (Jo 15, 14).

O diálogo deixa de ser um simples discutir com a preocupação de apenas convencer o outro de nossas ideias, para se tornar um descobrir ouvindo o que há de puro e de bom nas atitudes e ideias do outro como riquezas a serviço de Cristo. Igualmente se revela ao outro o que há de bom, de útil a serviço de Deus.

Santo Afonso coloca-nos, com insistência, Cristo o obediente até a cruz como único mestre. Não podemos fugir deste convívio. Devemos ser presença viva do Redentor, nós os seus “amigos” porque – à semelhança dele – vamos até a oblação concreta de nós mesmos à vontade daquele que nos chamou e nos enviou as almas pobres e abandonadas. Que outra realidade elas deveriam esperar de nós?

Trecho Adaptado do Livro:
ANJOS, Gervásio Fabri. CSsR e Virtudes. Aparecida, Santuário:73-75.

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