O Retiro do Amor Divino e sua Dimensão Missionária
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Acompanhamento Vocacional Pessoal

Para qualquer cristão, o interesse primário é descobrir a própria vocação e isto não é fruto de iniciativa pessoal, mas sim uma resposta ao chamado de Deus e é com imensa alegria que o batizado acolhe o plano de Deus a seu respeito que o caracteriza no mais íntimo e verdadeiro ‘eu’ que o leva a se reconhecer como filho amado do Pai e como único entre as criaturas. Mediante uma liberdade interior, toda vocação pessoal é um chamado a tornar-se plenamente consciente do desígnio amoroso de Deus que revela a cada um o significado da sua existência que o levará a assumir e se dedicar com a sua contribuição pessoal à história da salvação.

E no Batismo, a vocação recebida é o chamado a realizar o próprio ‘nome’, ou seja, a singular humanidade, preciosa e irrepetível, revestindo-se de Jesus Cristo e mediante um caminho de progressiva conformação com Cristo, o batizado aprende a renunciar aos próprios desejos e assim acolher a ação de Deus nele. Atento aos sinais do Espírito, em atitude de humilde escuta, este reconhecerá em si e nos outros a vontade de Deus.

A Mãe Igreja dispõe do acompanhamento vocacional próprio, para conduzir progressivamente o filho de Deus à plena liberdade do amor e assim ajudá-lo a nascer ao seu autêntico ‘eu’ e colaborando para se tornarem o que são chamados a ser, segundo a expectativa de Deus.

1 – Acompanhamento vocacional

O acompanhamento pessoal é uma ajuda para quem busca descobrir a própria vocação e compreende que é obra de Deus e não fruto de acaso. O acompanhamento vocacional é um itinerário espiritual e pedagógico que aceita a ação do Espírito Santo na vida de um discípulo do Senhor, numa comunidade cristã aprendendo a ser dócil à sua ação, sem contristá-lo (cf. Ef. 4,30) e chegue não só a conhecer a vontade de Deus, mas também a desejá-la, a ponto de escolhê-la pessoalmente, após tê-la amado.

2 – Por que é necessário o acompanhamento vocacional personalizado

Pela graça, cada batizado torna-se filho de Deus e discípulo de Senhor Jesus, mas sozinho não consegue se perceber filho amado do Pai e nem compreender que o verdadeiro fundamental êxito da existência é levar uma vida filial e uma vida fraterna, por isso precisa de um guia. O acompanhamento vocacional se oferece então, a cada sujeito como ocasião de executar não o projeto de vida, mas a vontade de Deus a seu respeito e leva-o à conscientização de que todas as coordenadas de sua vida (história da família, educação, experiências de sofrimentos…) são meios postos por Deus para ajudá-los a ser filho.

3 – Quem propõe o acompanhamento vocacional

Para que uma comunidade cristã acompanhe um crente na busca da vocação, é preciso ser representado por um guia (sacerdote, religioso/a, leigo/a) que se comprometa a acompanha-lo por um tempo e deve ajudá-lo a tomar consciência do próprio caminho e perceber os sinais do chamado de Deus na sua história. Esse guia deve ser um discípulo do Senhor, que aja com sabedoria, ternura, firmeza, para que saiba ajudá-lo a crescer na fidelidade ao plano de Deus.

4 – As idades do acompanhamento vocacional

Em geral se acompanha vocacionalmente um chamado desde os anos da infância até a juventude, porque nesse tempo, normalmente um batizado se interroga acerca de como se deve manifestar estavelmente a dignidade filial, seguindo as pegadas do Senhor. Assim, antes de se encaminhar a uma escolha vocacional específica, o crente deveria experimentar as bases comuns da vida cristãs, no caminho de fé ordinário da própria comunidade cristã.

5 – As etapas evolutivas da maturação vocacional

Sendo o acompanhamento vocacional um caminho espiritual, é preciso que o guia sustente o chamado e o ajude a reconhecer através disso a ação misericórdia, mas eficaz do Espírito Santo, que precede, acompanha e sustenta sempre o empenho da pessoa, para que esta tome consciência de sua vocação e que colabore docilmente aos apelos da graça, aceitando se arriscar, confiante na Palavra que atua no chamado. No começo está Deus que sempre precede o ser humano e a pessoa interpelada, aceita responsavelmente acolher na Igreja e por meio dela o convite de Deus.

5.1 – O chamado de Deus – Do ponto de vista de Deus, que chama a pessoa a inserir-se em sua Aliança (Batismo) e a configurar-se, pelos Sacramentos da Crisma e Eucaristia, ao Cristo Senhor, o Filho amado que dá a vida por seus irmãos (cf. 1 Jo 3,16) – diz-se que Ele dá a entende a cada qual o chamado, nas maneiras e tempos mais diversos, através das situações históricas ou as mediações humanas que ele acha mais oportunas para o sujeito.

5.2 – A resposta da pessoa – O batizado realiza historicamente sua dignidade filial “num dos múltiplos papéis salvíficos por meio da Crisma, que é o Sacramento dos carismas e das vocações cristãs” (Ruffini, 1.988). Sob a ação do Espírito, o chamado percebe sua vocação, através da qual Deus Pai o destina a ser no mundo imagem de Jesus, testemunha de seu amor para com os irmãos no âmbito de fé, por uma sucessão que se desenrola não do modo cronologicamente homogêneo, mas se manifesta ordinariamente na história pessoal.

6 – Critérios objetivos de referência

Um chamado consegue determinar a própria vocação específica (lugar em que ele representa com tudo que é e faz a imagem viva de Cristo). Desde que um jovem se conscientiza de ter sido tocado pelo amor de Deus sem nada merecer, compreende que sua vida não pode mais ser como a anterior. A vocação exige sempre uma ruptura sem condições e limites pré-fixados por parte do chamado: uma escolha exclui sempre outras.

6.1 – Elementos comuns a todas as Vocações

a) – Fé ardente em Cristo.
b) – Luta contra os ídolos sempre emergentes.
c) – Uma fé que plasma a vida, dando sentido à própria história.
d) – Confrontar as escolhas pessoais com as de Jesus (lectio divina).
e) – Sentir-se parte ativa na Igreja.

6.2 – Elementos característicos para as vocações à vida consagrada e ao ministério.

Ao verificar que há na pessoa um sério empenho de vida cristã e que a partir do momento em que se dá a escolha de ser discípulo do Senhor se torna uma realidade, é tarefa do acompanhamento vocacional ajudá-lo a ser sincero consigo mesmo, é necessário orientações que serão específicas em cada situação, será fornecida pela Igreja, por meios responsáveis pela formação. Somente a Igreja pode autenticar uma vocação, após haver bem considerado a positividade do caminho de maturação vocacional do candidato.

Ao guia é importante entender que deve ajudar o jovem a se tornar o que o Senhor deseja, a partir da própria realidade pessoal, de sua estrutura psíquica, de sua história, dos dons intelectuais recebidos… e no discernimento das vocações de ‘especial’ consagração, o primeiro e fundamental “elemento discriminatório” (Bianchi, 1.988) é ainda, mesmo no chamado ao sacerdócio ministerial, ver se no sujeito está presente o carisma do Celibato, dom do Espírito, ao qual a liberdade humana é chamada a responder, sem pensar, contudo, que a vida cristã seja mais radical no celibato pelo Reino: o radicalismo evangélico é, de fato, único e exigido de todos.

Quem se sente atraída pela vida consagrada é acompanhado com muito esmero: é preciso discernir se ele procura realmente a Deus, se seu temperamento e sua capacidade de relacionamento lhe possibilitam suportar as dificuldades de uma vida comunitária bem detalhada e circunscrita, em total gratuidade e espírito de oblação.

No tempo de discernimento, emerge claramente se num jovem a dimensão missionária é a força que lhe sustenta o empenho: neste caso, será útil certificar-se que não se trate de uma fuga do próprio mundo (familiar ou eclesial) à cata de aventura, em vez de ardente desejo de anunciar a todos e em toda parte sua experiência de fé no Senhor ressuscitado e a da comunidade que pertence.

Um jovem pode sentir-se atraído pelo serviço aos pobres e se concentre num empenho de serviço bem preciso, na fé, reconhecendo em cada pessoa que sofre a imagem viva de Jesus. A todos que estão dispostos a servir o Povo de Deus no ministério ordinário, é necessário apresentar o projeto de formação sacerdotal oferecido pela Igreja, com uma clara fisionomia do padre. E com um coração educado e evangelizado, purificado e livre, com todo o sofrimento que isto comporta, o sujeito conseguirá conceber sua existência, na vida consagrada ou no ministério, como dom oferecido sem condições, até escolher, sem saudades, a vida celibatária como a mais expressiva de seu projeto de amor e como forma mais plena de sua felicidade.

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