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Reflexão do 4º Domingo da Quaresma


“É pela graça que sois salvos, mediante a fé” (Ef 2,8a)

Os tempos litúrgicos que a Igreja nos propõe, são oportunidades únicas de caminharmos com Jesus lado a lado, conversarmos intimamente com Ele para meditarmos profundamente os Mistérios da nossa fé. Para nós cristãos, o segredo de mantermos viva a fé é justamente um relacionamento de intimidade com Jesus, ou seja, com seu modo de ser, de pensar, de falar, de se relacionar com as pessoas, seu modo de compreender sua religião – o judaísmo, seu modo de compreender a sociedade em que vivia, mas principalmente compreender – junto com Jesus – o Reino de Deus.

O tempo da Quaresma nos convida a um recolhimento para as práticas da oração, do jejum e da esmola. Se pensarmos bem, a oração nos chama a um caminho interior – mergulharmos no mais íntimo de nós mesmos e encontrarmos Deus agindo na nossa vida e na nossa história e assim, fazemos a mais bela experiência do Amor de Deus; o jejum nos ajuda a resgatarmos a nossa condição de filhas (os) de Deus – quando nos colocamos em uma situação limite do nosso corpo e da nossa vida, lembramos que sem Deus nós não somos nada, somos totalmente DEPENDENTES de Deus; depois desses dois movimentos interiores (oração e jejum), o Amor Divino – a Graça de Deus – nos impulsiona a irmos ao encontro de nossos irmãos e irmãs e oferecer tudo o que temos e somos – não só com bens materiais, mas também com nossos dons e talentos, com o nosso perdão, com a capacidade de sentir compaixão…

Essa primeira reflexão é muito importante para compreendermos a liturgia desse 4º Domingo da Quaresma que tem como tema central a GRAÇA DIVINA – que para nós Mensageiras do Amor Divino e toda nossa família Mensageira, é o centro de nosso Carisma – “Irradiar o Amor Divino”.

Para refletirmos sobre a Graça de Deus, é importante fazermos memória de como Jesus apresenta a Pessoa do Pai – o Abbá – papaizinho. O relacionamento que Jesus tem com o Pai, é um relacionamento de profundo amor e manifesta um amor que não impõe condições. Resumindo, é um amor que não exige nada, absolutamente nada em troca. Deus nos ama como somos e não exige de nós uma mudança ou que sejamos melhores. Pensar dessa forma, ou fazer essa experiência do Amor de Deus muda completamente o nosso modo de pensar e agir, principalmente a nossa “catequese” de infância que recebemos de nossos pais: “não faça isso porque Deus não gosta”, ou então, “se fizer coisa errada, você não vai para o céu”. É… Deus nos ama como somos e não exige nada em troca do seu amor.

Se olharmos a primeira leitura (2Cr 36,14-16.19-23), vamos perceber que o povo se rebelou, foram infiéis, não ouviram os profetas e juízes, “agiram de má fé”, foram exilados. Houve castigo ou revolta de Deus? Não! Chegou Ciro, que assumiu como rei da Pérsia e restituiu a dignidade daquele povo e os devolveu à sua pátria. E assim, se olharmos com cuidado a Palavra de Deus, quantas situações em que Deus olha para as nossas faltas e nos acolhe em seus braços de Pai, que nos resgata de nossas misérias.

Já na segunda leitura (Ef 2,4-10), por duas vezes nesses versículos Paulo salienta: “é pela graça que sois salvos” (versículos 5 e 8). Sim, a nossa redenção, a nossa salvação não depende de nós, mas da Graça de Deus – o Deus que não nos exige nada em troca. E a reflexão de Paulo ainda é mais profunda: “E isso não vem de vós; é dom de Deus! Não vem das obras, para que ninguém se orgulhe” (v. 8b-9). Então, se pensarmos assim, de que valem nossas boas obras? Para que fazemos coisas boas? Para que amamos? Não precisamos fazer coisas boas para ganhar o céu? Quem nos responde é o próprio Paulo: “Pois é ele quem nos fez; nós fomos criados em Jesus Cristo para as obras boas, que Deus preparou de antemão, para que nós as praticássemos” (v. 10).

A verdade se manifesta por completo no Evangelho de João (Jo 3,14-21): “Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (v. 16-17).

Eis a grande verdade de nossa fé: Jesus Cristo, Filho de Deus, pela ação do Espírito Santo, nasceu de uma mulher, assumiu a nossa condição humana, anunciou o Reino de Deus e o Amor do Pai, assumiu as nossas culpas e nossos pecados e Ressuscitou para nos dar a vida eterna. O nosso céu já está garantido, não precisamos “lutar” por ele ou “fazer as coisas para conquistar o nosso cantinho no paraíso”.

A grande lição que Deus oferece com essa realidade é a GRATUIDADE. Da mesma forma que seu amor é gratuito e de antemão já nos perdoa e nos resgara de nossas misérias, também nós, de antemão amamos a Deus e a nossos irmãos e irmãs, sem pedir nada em troca, na pura gratuidade, sem colocar condições. Só é possível viver essa realidade através da oração (intimidade com Deus e comigo mesmo), do jejum (assumindo a minha condição humana) e da esmola (me oferecendo a serviço dos outros através das boas obras que de antemão Deus já preparou para que colocássemos em prática).

Para nós, que crescemos alimentando a nossa afetividade na troca – ofereço amor para receber amor – é um desafio fazer a experiência da gratuidade, mas não impossível, pois contamos com o maior alimento: a GRAÇA DIVINA!!

Ir. Érika Pinheiro Maida, MAD

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