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Virtude deste mês: Oração

“É preciso rezar sempre e não deixar de fazê-lo” (Lc 18, 1).

Com facilidade constatamos o envolvimento do homem na agitação da vida, no mundo do trabalho, do barulho, das preocupações. As próprias coisas de Deus podem nos polarizar tanto chegando a tomar todo o nosso tempo. O próprio Jesus sentiu esta realidade, e por isso, “despedido o povo, subiu o monte sozinho para rezar” (Mt 14, 23). Por isso mesmo, sua afirmação é clara: “É preciso rezar sempre e não deixar de fazê-lo” (Lc 18, 1). Os antigos diziam que a alma precisa “respirar, oxigenar-se”. Mas a oração vai mais além!

Todos nós rezamos e também já sentimos as dificuldades de fazê-lo. São distrações, canseiras, preocupações. Sentimos que somos invadidos e assaltados interiormente. Por quê? O que Deus quer de nós na oração?

É que rezar não é só meditar, fazer orações de manhã ou de noite, fazer isso ou aquilo. É também isso, mas não é tudo. O fundamental na oração é manter o relacionamento íntimo e verdadeiro com Deus. Como você fez, um dia, a descoberta de Deus como o tudo, o essencial de sua vida, na oração deverá também haver esta conotação; prolongando da intimidade inicial, filial, amiga com Jesus o dia todo e em todos os dias. Trata-se, então, de estabelecer um relacionamento, uma resposta viva àquele olhar amoroso de Cristo, convidando-o a uma maior intimidade com Ele. Sem esta realidade no relacionamento com Cristo, toda oração não passa de “práticas” e aos poucos pode causar tédio, peso, rotina.

Neste esforço constante de intimidade com Deus, vemos a importância dos momentos mais fortes onde se escuta, se fala se relaciona com Ele o “único necessário” como dia Jesus a Marta. Vemos como as “técnicas” e os meios de oração são úteis, porém não essências. Haverá assim momentos de louvor, petição, de abandono, preces de perdão e de oblação. Sempre em maior profundidade até o ponto onde sentimos que concretamente Ele sabe tudo sobre nós. Esta contemplação não significará fuga da vida, mas a forma pela qual evangelicamente devemos enfrentar os fracassos, tribulações, canseiras, nossos problemas, toda nossa vida.

Ouvir. Ouvimos pouco os outros e corremos o risco de fazê-lo também com Cristo. (Mc 8, 14). Ouvir Cristo não se trata só do silêncio exterior, mas de se ter silêncio interior onde o barulho das paixões, o tumulto das coisas, as agitações não encontram pousada em nós. Nesta solidão, a alma entenderá o que significa: “Não tenhais medo, sou eu” (Mt 14, 27). Quando tudo parece, desânimo, dor e angústia, saberemos ouvir: “Eu também gritei meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste. O importante não é o sucesso, mas a sua intimidade comigo”. Assim encontrará sempre uma resposta atual na realidade da vida de Cristo.

Santo Afonso doando-nos o carisma de almas abertas aos mais pobre e necessitados, aos simples e humildes, era sensível a essa realidade de “rezar sempre”. Rezar sempre como alguém que constantemente suplica ao Pai, alguém responsável pela salvação dos outros como o foi Cristo Crucificado. Compreendemos então porque ele insiste na intimidade com Cristo na cruz, meta de toda Mensageira. O porque insiste no uso frequente de jaculatórias e pequenas orações à Maria Santíssima. Nosso orgulho, nossa soberba, muitas vezes julga demasiadamente popular ou simples tais coisas. Na verdade, são expressões ou ocasiões de intimidade com Deus, por isso tem o seu valor.

“É preciso que cada um seja um amante da oração e meditação das coisas divinas, de espírito devoto e recolhido, não distraído e dissipado. Sem oração, recolhimento e devoção, só existirá uma fé estéril, morta, uma caridade fraca, um trabalhar sem espírito e consequentemente sem fruto, e tudo perdido!”. (Comentário as Missões – Sto. Afonso – 1783).

Imagine você falar com Deus e desconhecê-lo, dizer que o ama e não o ama, insistir na amizade com ele e não lhe ser de íntima companhia! Realmente “é preciso rezar sempre e não deixar de fazê-lo” (Lc 18, 1).

Trecho adaptado de: Anjos, Gervásio Fabri. CSsR e Virtudes. Aparecida, Santuário. p. 110-111.

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