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Virtudes de Junho – Pureza de Coração e da Mente

Temos como patrono deste mês o Apóstolo São Tiago Menor, e meditamos duas virtudes que lhe são atribuídas, para que nós, também, assim como o Apóstolo cresçamos na Graça de Deus. São elas: Pureza de coração e da mente, e o Texto Bíblico que as acompanha: “Bem-aventurados os corações puros porque verão a Deus” (Mt 5, 8)

Todos nós queremos ver Deus e o desejamos sinceramente, mas será isso possível nesta vida ou será uma mera utopia? Cristo garante com simplicidade de um Deus: “Bem-aventurados os corações puros porque verão a Deus” (Mt 5, 8).

Quantas vezes passamos ao lado de uma pessoa ou de coisas e não os percebemos. Faltou-nos, naquele momento, sensibilidade e atenção em ver ou sentir a presença.
O mesmo pode acontecer com relação a Deus: tê-lo em nós e não o sentir, tê-lo entre nós e não o ver, estar presente em cada irmão e não o perceber. A presença de Cristo Ressuscitado na sua Igreja é algo tão maravilhoso e verdadeiro e, no entanto, falta aos cristãos a sensibilidade, a percepção aguçada para conviver com o mesmo “mestre”, caminho, verdade, vida. O que abre os olhos da alma e lhe dá o dom de ver esta realidade? “Os corações puros verão a Deus”!

Mas o que é um coração puro?
É um coração não possuído senão por aquele que é o Senhor. Pureza é simplicidade, pois aquele que possui torna-se complicado, preocupado com o que tem. Quando alguém se consagra à vida religiosa, não faz mais do que isso: deixa aquilo que passa, procura aquilo que não passa.

A palavra “coração” na Bíblia significa centro do ser humano, fonte de seu comportamento. Não é somente fonte da vida afetiva, mas também do pensamento e da vontade (Sl 177,7). É no coração que Deus derrama a sabedoria (1Rs 10,24), no coração a fonte das decisões (Ex 35,5). O homem justo não é dividido em seu coração enquanto que o ímpio traz em si esta rachadura (Jr 32,39; Sl 173,7).

Antes de conhecer e amar, Cristo deve HABITAR em nosso coração e Ele, derramando em nós seu puro amor, o transforma, eleva, ilumina. Esta pureza do amor que se torna fonte do conhecimento, corações puros que verão a Deus.

Notemos, entretanto, que nem uma fibra do nosso ser está excluída desta escolha total de Deus. Ele unifica e simplifica nossa vida cristã em suas múltiplas obrigações onde até mesmo os escrúpulos, as perturbações de caráter religioso, as angústias nas minúcias deveriam ser banidas de nossa vida pois, tudo isso pode perturbar aquela pureza de Deus em nosso coração. Cristo é a pureza por excelência, possuí-lo em plenitude é ser puro em perfeição.

A pureza evangélica contém em si a pobreza e o amor ao próximo, fruto de nossa opção e amor a Deus. Por isso mesmo é que nos torna livres, livres interiormente de qualquer outro apego para se ter a liberdade de amar em Deus cada irmão que encontrarmos, seja ele quem for.

Esta liberdade de condicionamentos que nos vem das criaturas assim como a pobreza, é liberdade de qualquer condicionamento que nos vem dos bens terrenos, faz-nos capazes de a elas nos voltarmos com uma nova dimensão de fé e amá-las intensamente em Deus; não deprime o coração, mas, o dilata na medida do Coração de Jesus para amar a todos. Desta forma, sem até mesmo o desapego de si mesmo a pureza não passaria de uma virtude legalista e imperfeita, carente do verdadeiro amor seria egoísmo.
Santa Teresa de Ávila escreveu em sua vida que quando recebia um presente e o conservava com apego sem colocá-lo em comum, não conseguia recolher-se em Deus, sentia-se “possuída” por algo fora dele.

“Bem-aventurados os corações puros porque verão a Deus” (Mt 5, 8), sim, porque não se possui direitos sobre o próprio corpo e sobre o corpo dos outros, não se apoia nas coisas passam, nas pessoas que nos cercam; tudo adquire a dimensão de dom de Deus os quais se ama com respeito, mas sem neles se acomodar ou repousar. O coração puro vê Deus e discerne bem onde sua alma deve fazer sua morada.

A Mensageira é testemunha da redenção, “O Senhor enviou-me a pregar o Evangelho aos pobres, a sarar os contritos de coração, anunciar aos cativos a liberdade aos cegos vista, a libertar os oprimidos…” (Lc 4,18). Para aqueles que não veem as realidades de Deus, a Mensageira grita esta pureza de vida que abre os olhos, dilata a alma em Deus. Santo Afonso quando se aproximava da gente simples, tocava as almas e lhes doava Deus porque, junto com a potência do carisma, sua alma desprendida pura, livre de possuir e ser possuída, podia gritar Deus com sua própria experiência: os puros verão a Deus. O discípulo vê o seu Mestre, é preciso vê-lo com os olhos da fé na pureza do coração, eis a limpidez a que se propõe a Mensageira.

Trecho Adaptado do Livro:
ANJOS, Gervásio Fabri. CSsR e Virtudes. Aparecida, Santuário: p. 63-65.

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